Como superar a Amargura

27/08/2011 15:10

 

 

  Se nós não perdoarmos as ofensas dos outros, essas ofensas vão nos levar a amargura e causarão danos distorcendo o nosso caráter. Aprenda como tornar a raiva e irritações em amor genuíno.

  Não é possível passar pela vida sem ser ferido pelos outros. Algumas das nossas piores feridas são feitas por aqueles mais próximos de nós. O salmista declarou: "Até o meu próprio amigo íntimo em quem eu tanto confiava, e que comia do meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar", Salmos 41:9.
  É difícil perdoar essas pessoas principalmente quando elas continuam a nos ofender. Ainda assim Jesus nos ordena não apenas a perdoarmos os que nos têm ofendido, mas a nos alegrarmos e regozijarmos quando falarem falsamente contra nós. Aprender a perdoar, além de nos libertar da amargura, também nos leva a experimentar o poder do amor da alegria e da paz.
  Graças a Deus, Jesus veio para nos dar poder para vencermos o nosso passado, e vivermos uma vida acima da ofensa.
Vamos ver o que a palavra de Deus nos ensina sobre as feridas e suas conseqüências e como superá-las. Em Mateus 18:21-25 o Senhor Jesus conta uma parábola que profundamente traz à luz a questão do perdão. Vamos explorar um pouco essa passagem para compreendermos melhor o que Deus quer nos ensinar.
  Um servo devia ao seu senhor dez mil talentos. O primeiro aspecto é que dever para uma pessoa superior não é mesma coisa que dever para um igual. Se trabalho para alguém e desperdiço algum bem do meu patrão, ou gero algum prejuízo eu me torno devedor dele. Por exemplo, eu trabalho em um escritório e quebro um computador, esse bem vai ser cobrado do meu salário. Esta parábola está tratando do prejuízo que o servo trouxe ao rei por ter administrado mal os seus bens. E agora o rei vai acertar as contas com os seus servos. Dificilmente um servo teria como pegar emprestado dez mil talentos do seu senhor, mas é certo que por não administrar bem os negócios do rei, através do desperdício, tenha gerado um prejuízo de dez mil talentos. E agora o rei quer acertar a dívida com ele, é um momento de prestação de contas.
  Talvez hoje em dia não tenha muito sentido falar em dez mil talentos. Para que se tenha uma dimensão melhor do tamanho da dívida vamos fazer um cálculo desse valor nos tempos de Jesus de forma que possamos entender hoje. Um talento é igual a 6000 denários. Um denário era o valor pago normalmente ao trabalhador pelo trabalho de um dia, (Mateus 20:1). Logo, um talento corresponde a um pouco mais que 16 anos de trabalho. Dez mil talentos correspondem a mais de 164 mil anos de trabalho! O rei pediu que ele, a esposa e os filhos fossem vendidos como escravos. Mas nem que eles servissem ao rei como escravos, por quatro gerações, seria o suficiente para pagar a dívida. Essa é a nossa situação diante de Deus. 
  Deus é Senhor sobre tudo e todos. Foi Ele quem nos deu a vida, e tudo o que nela há. Tudo o que somos e temos foi criado por Ele, é dele. Fomos criados para o louvor da Sua glória, com um propósito. Quando pecamos frustramos com o propósito para o qual fomos criados, danificamos com o pecado o nosso corpo, mente, irmãos, desperdiçamos bens, dons, talentos. O prejuízo que produzimos para Deus com o nosso pecado é imenso, uma vida inteira não seria o suficiente para pagar. É uma dívida impagável. Veja como as escrituras mostram o coração daquele que entendeu o tamanho da sua ofensa contra Deus. Deus nos perdoou de uma dívida tão grande assim, que jamais poderá ser paga por nós mesmos.
  Mas veja o tamanho da mesquinharia do servo perdoado para com o conservo que devia a ele cem denários - ou seja, uma dívida que poderia ser paga com apenas cem dias de trabalho. Essa dívida é seiscentas mil vezes menor que a dívida que lhe foi perdoada.
  Essa parábola não está relacionada apenas com o dever do cristão em perdoar, mas à oração do Pai nosso: "Perdoa as nossas ofensas assim como temos perdoado os que nos tem ofendido''.
  Dentro do contexto bíblico é injustiça toda vez que abençoamos os outros em uma proporção menor de como fomos abençoados. Por isso, o padrão não é amar, nem perdoar; mas amar como Cristo me amou, perdoar como Cristo me perdoou. 
  O maior impedimento para o perdão é o nosso senso de justiça própria. É a nossa soberba de achar que eu somos melhores que os outros. Quando estamos cheios de justiça própria os nossos olhos estão fixos em nós mesmos, nas nossas obras, e não na obra de Jesus na cruz por nós.
  Ter revelação do que recebemos de Deus, da maravilhosa graça de Deus que se estendeu a nós é vital para nossos relacionamentos. Onde não há revelação da graça, aparece a justiça própria, e onde a graça é omitida; nasce a amargura.
  Se o que você tem é esforço humano para ser correto: você será juiz dos outros.
  Se o que você tem é conhecimento mental da Palavra, você será crítico dos outros.
  Se o que você tem é força para lutar e vencer, você será condenador dos fracos.
  Poderia ser isto a chave para o fim da ira, do ódio e do ressentimento e da vingança?
  Talvez você condene o servo que mandou prender o outro que devia tão pouco para ele. 
  Mas será que não fazemos o mesmo quando excluímos pessoas dos nossos relacionamentos porque nos magoaram? Não fazemos isto quando falamos mal daqueles que nos decepcionaram? Não fazemos isto quando nos alegramos (lá no íntimo onde ninguém vê) quando aqueles que nos fizeram mal são humilhados? São diferentes formas de cadeias que todos nós fazemos uso.
  Seu amigo quebrou a promessa? Seu patrão não manteve a palavra? Seu funcionário traiu sua confiança? 
  Pense: Como Deus age quando você quebra uma promessa feita por você? O que você espera de Deus?
  Você foi enganado? Você foi maltratado? Você foi criticado? Tudo isto fere.
  Pense: Como Deus reage quando você falha com Ele?
  Seu amor não foi correspondido? Você foi esquecido? A rejeição nos fere.
  Pense: Você nunca negligenciou Deus?

"Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem", Hebreus 12:15

  Por isso Paulo adverte Timóteo a se fortificar na graça de Deus: "Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus" II Timóteo 2:1. Esta exortação é muito criteriosa; Paulo não fala que Timóteo deve ser fortalecido na oração, no estudo bíblico... Ele quer que Timóteo se especialize na graça. Que se firme na graça. Que a visão da graça de Deus seja algo que nunca falhe em sua vida. Se você deixar passar algo, que não seja a graça.
  A amargura só existe onde o perdão não encontra lugar. Nenhum perdão é verdadeiro se não perdoarmos como Cristo nos perdoou, e só vamos perdoar como Cristo nos perdoou se tivermos revelação da graça. Decida perdoar diariamente as pessoas com as quais você convive. "Por isso te digo: Perdoados lhe são os pecados, que são muitos; porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama", Lucas 7:47.
  Quanto mais revelação temos da graça que recebemos de Deus, mais instrumentos desta graça nós somos. E o chamado de Deus para cada um de nós é simplesmente este: para sermos ministros desta graça que nos alcançou.


Augusto QueirozAugusto Queiroz